Uma das coisas que deixei de fazer e que mais sinto falta é a prática de Karatê, o qual fiz durante quase oito anos. Está fazendo 3 anos 3 que parei, não exatamente por escolha pessoal, mas sim por falta de opção e, não vou mentir, por um pouco de comodismo! Parei porque todos os alunos foram saindo e nenhum outro entrava, nenhuma turma nova se formava, aí os professores acabaram saindo também. tenho horários complicados de trabalho e por isso acabei desistindo de procurar outra academia (e porque não queria sair de onde estou!), além da distância, claro.
Passei pelo estilo Kyokushin Oyama, de contato, cuja regra é nocaute, fiquei mais de 6 anos neste estilo, participei de 1 campeonato (mas não ganhei, claro, era novata e minha adversária era campeã paulista e brasileira!), de demonstrações, treinos extras para faixas mais graduadas, enfim, adorava, mas nunca senti que tinha muita habilidade e passava sempre "raspando" nos exames de faixa. No Kyokushin cheguei à faixa verde (na ordem: branca, laranja, azul, amarela, marrom e preta, até o 8.o dan), mas "amarelei' na hora de fazer para marrom, porque além de difícil é também caro (paga-se para fazer exame, queira você passe ou não), é preciso comprar a faixa, e quanto mais graduada, mais cara, claro! Conclusão, o professor acabou saindo e entrou outro, de outro estilo, o Shorin Ryu. Este estilo também é de contato, mas é bem menos agressivo que o Kyokushin. Para mim, a grande diferença foi a inclusão de alguns golpes de Jiu Jitsu e de Judô como imobilização e finalização, além de ter que "aprender a cair". No Kyokushin não tinha isso, era mais na base de chutes, socos e rasteiras. No Shorin Ryu fiz mais um exame (que foi na própria academia, com meu próprio professor) e peguei a faixa roxa, que era posterior à verde no estilo. O professor não quis que voltássemos à faixa branca, apesar de tantas diferenças entre os estilos. Depois de um tempo a turma se desintegrou. Por um lado me senti aliviada, pois sentia que não estava conseguindo mais acompanhar, foi difícil ter que aprender tantas coisas novas, o Kyokushin estava arraigado demais em mim. Outra coisa ruim eram os hematomas! Não tinha como evitá-los, especialmente sendo mulher e lutando com tantos homens. Mas apesar de tudo, nunca quebrei nada e nunca tive sérios machucados. O Kyokushin acabou ficando mais difícil porque coisas mais avançadas estavam sendo cobradas nos exames: coisas de faiza preta estavam sendo cobradas no exame para faixa marrom, coisas de marrom estavam sendo exigidas para o exame de faixa verde, etc.
O que as artes marciais (em especial o Karatê, com o qual estou mais familiarizada) proporciona?
Muitas coisas! Homens, mulheres, crianças e até idosos (sim, não tem limite!) aprendem disciplina, respeito aos mais graduados, humildade, autoconfiança, força, determinação, controle do medo, coordenação motora, flexibilidade, persistência, controle da dor, treino de memória (para a prática do Kata, demonstração de golpes combinados), entre tantas outras coisas. E os benefícios fisícos são inúmeros! Condicionamento físico excelente (pois há exercícios aeróbicos, de força como bananeira e flexão de braço com as pontas dos dedos, de velocidade e agilidade, além de desenvolver reflexos excelentes), além de autodefesa. Apesar da dureza dos golpes, chega uma hora que o corpo já começa a resistir mais e a responder melhor aos golpes. Meu último sensei dizia que praticantes de esportes demoram mais para envelhecer. Meu segundo arrependimento é não ter começado antes. Se tivesse começado mais nova, talvez até chegaria a ser faixa preta. Mas tudo que aprendi valeu a pena e me ajudou a moldar ainda mais meu caráter. Fiz muitas amizades e aprendi mais sobre mim mesma, meus medos, meus limites, minhas capacidades e minha força. Recomendo este esporte, que para mim, é um dos mais completos.
Seguem aqui algumas fotos: